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Rafael Antônio | 08/08/2023 Homenagem ao Dr. Félix Gomes Neto

DISCURSO DE HOMENAGEM À FÉLIX GOMES NETO LIDO NA SOLENIDADE DE INAUGURAÇÃO DA SALA DA PROCURADORIA DE PRERROGATIVAS DA OAB SUBSEÇÃO DE MOSSORÓ, POR SEU FILHO, RAFAEL ANTÔNIO

Mossoró, 08 de agosto de 2023

 

FÉLIX GOMES NETO: Nascido em 13 de abril de 1964, Félix Gomes Neto cursou Direito na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, graduando-se no ano de 1991.

Inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil desde então, sob o número 3.225, teve a advocacia como paixão diária até seu falecimento.

Advogado como vocativo de seu nome, figura ímpar no trato pessoal, colecionou amigos na Advocacia, Poder Judiciário, Ministério Público e todos demais órgãos que também exerceu seu mister.

Advogado romântico (como gostava de se de auto intitular), tinha forte atuação em Mossoró e, principalmente, no Médio e Alto Oeste Potiguar, em razão dos laços familiares no Junco (Messias Targino), cidade que também adotou como sua.

Foi Procurador em diversos Municípios da Região.

Por ser advogado atuante e, principalmente, apaixonado pela profissão, lutou diariamente pela valorização das prerrogativas profissionais.

Enfrentou todas as dificuldades que a advocacia em comarcas do interior proporcionam aos Advogados, lutou contra todas as violações de seu direito no exercício profissional e apoiou incessantemente colegas que também enfrentavam as mesmas dificuldades. Tudo isso pelo amor a advocacia e por ter a consciência que a valorização da profissão e o respeito às prerrogativas dos advogados, que exercem função essencial à justiça, é que garantem a efetivação de um Estado Democrático de Direito.

Quando violado no seu exercício profissional, sempre relembrava e época de Napoleão Bonaparte, que mandou fechar a Ordem dos Advogados Francesa e cortar a língua dos advogados que lhe fizessem críticas. Exercendo a defesa no Tribunal do Júri, sempre fazia a ressalva de que estava ali por convicção, não por conveniência.

Em época que a Defensoria Pública era quase inexistente, conseguiu a progressão de regime de mais de 300 apenados que se encontravam mantidos em regime prisional mais gravosos do que deveriam, à época, Penitenciária Agrícola Mário Negócio.

Em decorrência disso, ao chegar um dia na cadeia, estava escrito na parede de uma das celas “DR Feliz Adevogado dos pobres” e esse foi o seu pagamento.

Faleceu no ano de 2021, em decorrência da Covid-19, que contraiu ainda no exercício de sua missão de vida: Advogar.

Ao comparecer a cadeia pública de Caraúbas a fim de acompanhar um cliente que ali encontrava-se recolhido e que já havia sido expedido alvará de soltura, se viu em meio a dezenas de familiares de outros apenados que, por desorganização da administração, também estavam ali aglomerados no período mais crítico de contágio de toda a pandemia.

Faleceu com a mesma convicção, com o mesmo amor pelo exercício a profissão e trabalhando no computador de seu quarto até o último dia em que teve que sair de casa até o hospital.

A paixão era tanta que contagiou alguns membros da família, que também são advogados, como sua esposa Janete Jales, seus filhos Ana Eliza, Jorge e Rafael (licenciado), seus sobrinhos Daniel e Susana Cabral, ou até filhos de grandes amigos, como Otoniel Júnior.

Viveu intensamente a advocacia com todas as suas glórias e dissabores. Viveu a valorização histórica da advocacia e também teve suas prerrogativas violadas por diversas vezes. Mas sempre teve orgulho de ser chamado de Advogado.